Mãe de bebê e de cachorro


   E de repente você está grávida. Quando a gente é mãe de cachorro, a chegada de um bebê pode gerar muitas dúvidas e preocupações. Como adestradora, vivi essa situação na pele e agora tenho a noção do que muitas clientes que atendi, ao longo desses anos, passaram com a chegada de seus bebês.
   Não conheço nenhum estudo científico que comprove alterações comportamentais nos cães e a relação disso com a gravidez, mas sem dúvida muitos cães, inclusive minha cadela, apresentam/apresentaram mudanças em seus comportamentos diante de uma grávida...são tantos relatos curiosos que resolvi escrever sobre o tema...
   A chegada de um bebê vai botar a rotina e a vida de cabeça pra baixo, especialmente, da mãe do bebê. E além de se preocupar com seu filho (a), é óbvia e natural a preocupação com o cachorro da casa: será que ele vai aceitar bem a criança? Como vai ficar a rotina dele? Vou dar conta dos dois?
Respondendo...
Não sei, não sei e definitivamente NÃO (pelo menos nos 2 primeiros meses de vida da criança)!
   Falo isso, (agora) por experiência própria...
   Não dá pra saber exatamente como um cão vai se comportar diante de uma criança recém-nascida pois são muitos os fatores que devem ser avaliados antes de tirar conclusões e fazer afirmações.
   Fatores como o quão bem socializado com pessoas (especialmente crianças) o cão é, mudanças na rotina, perda de interação social com os membros da casa são importantes, pois estão diretamente relacionados com as alterações comportamentais.
  Muitas pessoas ignoram o fator socialização com crianças. E quando falo isso me refiro ao cachorro (quando filhotinho e posteriormente adolescente/adulto) ter, com elevada frequência, contato positivo com um número grande e diversificado de crianças (as de casa não contam hein?). Além disso, não podemos de maneira alguma levar em consideração rótulos do tipo: essa raça é boa com crianças, a raça x é dócil e amável com crianças etc. Isso não existe! Gostar ou não de crianças vai depender de uma INTENSA E POSITIVA socialização com elas. Se o seu cãozinho não foi bem socializado com crianças, ele pode apresentar bastante desconforto na presença delas (especialmente dentro de casa) e vale salientar a importância de NUNCA forçar uma interação entre os dois a fim de fazer o cão se "acostumar" com a criança, isso pode ser perigoso. Respeitar os sinais corporais que o cão emite na presença de crianças é um ato de respeito e de prudência para ambos!
   A mudança drástica na rotina dos tutores do cão, principalmente a mãe, que agora tem um bebê com uma demanda de 24h, inevitavelmente, faz com o que o cão perca espaço. Os passeios, as brincadeiras, os momentos de cafuné acabam deixados de lado e o cão sente bastante isso. Portanto, contar com a ajuda de pessoas é fundamental para que o cão não sinta tanto. Pedir que alguém passeie e brinque bastante com ele já é o primeiro passo! A medida que o tempo vai passando é possível retomar pequenas atividades da rotina com o cão, portanto fique calma!
   Mas, e aí? O que fazer diante dessa situação totalmente nova e imprevisível?
Aqui vão algumas dicas para tentar criar um ambiente favorável para que a relação cão x bebê se torne positiva.
 - SEMPRE crie associações positivas com bebê. Toda vez que você ficar com a criança no mesmo ambiente que o cachorro se certifique de que algo prazeroso vai acontecer pra o cachorro;
-  inclua seu cachorro dentro do que for possível na nova rotina com sua criança;
-  busque ajuda profissional, caso seu cão apresente mudanças comportamentais muito drásticas;
-  e relaxe! o tempo continua sendo o melhor remédio pra tudo. Tudo que é novo leva tempo pra gente se adaptar, mas a gente se adapta e a vida segue.

Boa NOVA jornada pra você.

Recheios pra kong

   Muitas pessoas adquirem o kong ou outro brinquedo similar mas não sabem a melhor maneira de oferecê-lo ao seu cão. Já ouvi de muitas pessoas que compraram o brinquedo (que não é nada barato aqui no Brasil) que o cachorro não se interessou ou que ele tirava rápido demais o recheio. Ao perguntar com o que elas rechearam veio a surpresa: com ração seca ou colocaram um biscoito dentro do #Kong que era simplesmente impossível de tirar. Recheios muito fáceis ou impossíveis de tirar podem frustrar o #cão e fazer com que ele perca o interesse no brinquedo, desta forma evite colocar a ração seco ou biscoitos, palitinhos, bifinhos etc. dentro do kong. No vídeo abaixo você pode conferir algumas sugestões de recheios úmidos para colocar no kong. Os recheios úmidos são mais trabalhosos de tirar, porém vão manter seu cachorro entretido por muito mais tempo. Inclusive, para deixar a brincadeira ainda mais desafiadora para o peludo você pode rechear o kong e levá-lo ao congelador antes de oferecer para seu #cachorro.



Senta - em quais situações utilizar?

   Diversas vezes eu perguntei aos meus clientes: você sabe por que eu vou ensinar seu cão a sentar? Para a minha surpresa, praticamente todos, não sabiam os motivos de tal ensinamento. E mais, as mesmas pessoas que NÃO sabiam pra que servia ensinar isso ao cachorro pediram que eu ensinasse mesmo sem saber a finalidade. Curioso, não? 
   Pois bem, o comando ou comportamento "SENTA" é um dos mais importantes no adestramento, pois além das inúmeras aplicações no nosso dia-a-dia (como alguns exemplos do vídeo abaixo) ele pode ser utilizado no processo de modificação comportamental como comportamento alternativo, ou seja, que substitui outros comportamentos como o pular nas pessoas, correr em direção a um estímulo (cão, pessoa) etc. 
   Agora que você já sabe como usar esse comportamento, aproveite para treinar seu cachorro e colocar em prática o "SENTA" na sua rotina com seu cão!




O Mito da dominância

   A teoria da dominância, muito utilizada atualmente na justificativa dos comportamentos caninos e na educação deles, vem sendo questionada pela comunidade científica moderna. Por se tratar de uma teoria muito antiga e que relata o comportamento canino como se fosse igual ao comportamento dos lobos, muitos pesquisadores tem levantado questionamentos a respeito da fundamentação científica, da eficiência e dos efeitos causados por ela no adestramento de cães.

A ORIGEM DA TEORIA

   Essa teoria surgiu no início do século XX, com o coronel Konrad Lorenz. De acordo com as observações feitas sobre como seus cães se relacionavam entre si e como se relacionavam com ele, Lorenz concluiu que um cão mais agressivo e imponente se tornava dominante e o outro que aceitava isso se mostrava submisso mostrando-lhe a barriga (virava de barriga para cima). Lorenz acreditava que a mesma relação de dominância e submissão acontecia entre pessoas e cães, pois quando ele aplicava uma punição a um de seus cães, esse mostrava a barriga, ou seja, se submetia ao dono.
   A partir da década de 1940 em diante, muitos estudos a respeito do comportamento de Lobos foram produzidos, até que na década de 70, o biólogo David Mech, em seu livro Os Lobos, apresenta a nomenclatura macho alfa e fêmea alfa. Essa denominação foi estabelecida a partir de um estudo sobre um grupo de lobos que vivia em cativeiro, ou seja, esses lobos eram de idades diferentes, sexos diferentes e não tinham parentesco algum. Desta forma, ao serem forçados a conviver em cativeiro, esses lobos travavam batalhas pela disputa dos recursos (comida, reprodução, território, etc.) e assim estabeleciam uma hierarquia entre si. Com isso, a nomenclatura macho alfa e fêmea alfa foi designada aos lobos que atingiam o topo dessa hierarquia. Isso foi extrapolado para o comportamento de cães, pois achava-se que eles agiam de forma igual.
   Para completar a teoria da dominância, também na década de 70, treinadores americanos, os Monges de New Sketes, lançaram um livro (How to be your dog´s best friend) que além de reunir as informações produzidas acerca do comportamento dos lobos na época, incentivava os donos de cães a produzirem a manobra Alpha Roll-Over, que consiste em forçar um cão a ficar deitado de lado (sem mostrar resistência) como forma de mostrar submissão a seus  donos. Essa manobra surgiu do comportamento Alpha Roll-Over que os lobos apresentavam ESPONTANEAMENTE uns para os outros em determinados contextos (afiliação e apaziguamento).
   Atualmente, com o altíssimo grau de popularidade de programas televisivos como o famoso O Encantador de Cães (Cesar Millan) a teoria da dominância parece ter ganhado nova força e se disseminado no mundo todo. Cesar Millan reúne em seu programa os conceitos baseados na teoria da dominância (cão dominante, cão submisso, alpha roll, líder de matilha etc.) para explicar os mais diversos comportamentos caninos que aparecem nos episódios do programa. Ele, ainda, incentiva (mesmo que de maneira velada) as pessoas a serem líderes de suas matilhas através de condutas que vão desde corrigir "maus" comportamentos com trancos na guia até fazer alpha rolls e por meio do uso de uma postura corporal que tenta simular como os lobos se comportam.

OS PONTOS FRACOS DA TEORIA

   Sabe-se, hoje, que um cão ao mostrar a barriga de maneira espontânea para outro cão ou para uma pessoa pode representar duas coisas: um sinal afiliativo (como se estivesse convidando alguém para uma aproximação pacífica ou até para pedir cafuné) ou um sinal de apaziguamento, para evitar algum tipo de conflito. Isso vai variar de acordo com o contexto em que esse sinal corporal é apresentado. Logo, a validade do que foi dito por Lorenz parece ter sido colocada em cheque, ou seja, mostrar a barriga não é exatamente um sinal de submissão, de que um indivíduo "manda" no outro.
   Outro ponto que foi refutado foi o da nomenclatura macho/fêmea alfa. E foi refutado por, nada mais nada menos, que o próprio David Mech. Em novo estudo conduzido na década de 90/2000, Mech observou que o comportamento de lobos em cativeiro não segue um padrão natural. Ao estudar um grupo de lobos que viviam em habitat natural, o que foi observado é que esses animais formavam, na verdade, famílias em que os pais (lobos progenitores) assumiam a "liderança" natural e os filhos estavam abaixo na hierarquia, muito parecido com uma família humana. Além disso, foi constatado que não haviam conflitos extremos por recursos, como foi visto nas matilhas artificiais, e assim que os filhos mais velhos atingem a maturidade sexual eles saem de maneira espontânea da sua matilha de origem para procurar parceiros sexuais e formar suas próprias matilhas. Ou seja, a denominação macho/fêmea alfa deixa de ser correta.
   Os Monges de New Sketes, no início dos anos 2000, editaram seu livro que falava e incentivava o uso do Alpha Roll-Over. Na nova versão, eles desencorajam fortemente o uso dessa manobra, afirmando sobre o risco à integridade física das pessoas ao usá-la pois os cães podem reagir com mordidas. Além disso, eles desencorajam as pessoas a tentar "dominar" seus cães física ou verbalmente pois eles podem ficar medrosos e até neuróticos. Ou seja, mais uma parte da teoria da dominância que foi colocada em cheque e desaprovada por seus próprios autores.
   Por último, diversos pesquisadores do comportamento animal (John Bradshaw, Alexandra Horowitz, Mark Beckoff, Adam Miklósi etc.) descartam a formação de vínculo hierárquico entre cães e pessoas. Inclusive, John Bradshaw em seu livro CãoSenso, afirma que se a espécie ancestral que deu origem ao cão estivesse tentando "dominar" pessoas há cerca de 15.000 anos atrás (quando a domesticação iniciou), o processo de domesticação sequer seria possível. Além disso, não há relatos e exemplos de espécies DIFERENTES estabelecendo relações hierárquicas, logo, por que isso só iria acontecer entre pessoas e cães? Não faz o menor sentido! São espécies diferentes, que se comunicam de forma diferente, tem interesses diferentes, alimentação diferente, reprodução diferente, uma espécie é quadrúpede outra é bípede, ou seja, são espécies completamente diferentes. Sendo assim, tentar ser líder de matilha não parece sensato! Ou você realmente acha que seu cão te enxerga como outro cão?
   Para finalizar, se você revisar a origem da teoria, note que ela foi baseada no estudo do comportamento de LOBOS. Atualmente, já foi comprovado que cães NÃO são lobos e não descendem diretamente de lobos. Lobos e cães possuem um ancestral em comum, mas são espécies completamente diferentes, apesar das semelhanças físicas. Logo, é estranho pensar que podemos aplicar a teoria da dominância e explicar comportamentos caninos como se fossem iguais aos dos lobos. Simplesmente não faz sentido!

MAS POR QUE A TEORIA AINDA É UTILIZADA?

   Muito simples: porque com ela é possível (de maneira rasa e sem fundamento) explicar qualquer comportamento canino. Por exemplo, se você tem um cão que pula nas pessoas ele faz isso porque é dominante, ora pois. Quer outro exemplo? Se você tem um cão que está apresentando comportamento agressivo em determinada situação isso significa que ele quer te dominar. Mais um exemplo? Se você tem um cão que adora dormir no sofá/cama é porque ele está querendo dizer que manda na casa e em você. Não é fácil? Todo e qualquer comportamento tem a mesma explicação: seu cão é dominante ou submisso.
   Mas será que um animal tão complexo, com um repertório comportamental tão vasto age sempre pelo mesmo motivo? Óbvio que não! A teoria da dominância é tão sem fundamento que ela descarta e ignora que os comportamentos estão relacionados com uma série de fatores, como por exemplo, condição de saúde do animal, contexto em que o comportamento ocorre, motivação, reforços, aprendizado, punições e por aí vai. Não seria mais correto interpretar que um cão que pula nas pessoas o faz porque já foi muito recompensado por isso com festinhas e afagos? Da mesma forma, cães que mostram uma resposta agressiva quando são tocados, por exemplo, podem estar com dor física e, desta maneira, ao se cansarem de emitir sinais como rosnados e mostrar de dentes, pois são ignorados pelas pessoas, aprenderam que morder é a forma mais eficiente de afastá-las quando elas tentam tocá-los? E ainda, que cães que dormem em sofás e camas o fazem porque esse lugares são super confortáveis e quentinhos? Essas explicações parecem mais plausíveis, não?


CONSEQUÊNCIAS DO USO DA TEORIA PARA OS CÃES

   Além de infundada, a teoria da dominância induz de forma velada o uso da violência na educação dos cães. A partir do momento que um adestrador, um veterinário ou até mesmo você rotula seu cão como "dominante", imediatamente passa pela cabeça uma forma de "combater" esse mal, de corrigir os comportamentos dominantes, de mostrar quem "manda". Independente se a punição utilizada é física, verbal, intensa ou "branda" ela não deixa de ser uma punição. Enforcadores, colares de choque, colares de grampo, borrifadores, latinhas com moeda, bombinhas, jornal enrolado, chineladas, gritos, tapas, chutes, toques à la Cesar Millan, alpha rolls são todos artifícios utilizados para corrigir comportamentos. E todos eles são uma forma de causar dor, medo, desconforto no cão, ou seja, todos eles estão relacionadas à violência. Como consequência disso? Cães apresentando comportamentos agressivos, de medo, de ansiedade pois não sabem o que esperar de seus tutores pois ora são acarinhados e ora são repreendidos. No outro lado, pessoas que passam a enxergar seus cães como verdadeiros inimigos que devem ser combatidos a todo custo antes que eles os dominem. E o resumo da ópera é: cães sendo mau-tratados, abandonados, isolados em canis e presos em correntes e até sendo eutanasiados porque levam o pesado rótulo de serem "dominantes".

COMO EDUCAR, ENTÃO?

   O primeiro passo para educar um cão é se munir de conhecimento para isso. Seja através da contratação de um(a) adestrador(a) profissional ou de um veterinário que conheça o comportamento canino (baseado em ciência e não em programas de televisão) .
   O segundo passo é sempre optar por uma metodologia livre do uso de aversivos e punições. Você já pensou que ao invés de punir um comportamento que você não gosta é bem melhor ensinar um comportamento alternativo que possa substituí-lo? Voltemos ao exemplo de um cão que pula nas pessoas. Ao invés de perder tempo punindo os pulos, é bem melhor e mais rápido treinar esse peludo para se sentar quando for receber uma pessoa. Nenhum cachorro é vidente para adivinhar como o tutor quer que ele se comporte, ele tem de ser ENSINADO a isso. Punições não vão ensinar a sentar, elas simplesmente vão comunicar que pular gera coisas ruins ao cão, mas ele continuará sem saber que tem de sentar quando uma pessoa se aproxima.
   Casos complexos que envolvem comportamentos agressivos, fóbicos, compulsivos devem ser avaliados de maneira minuciosa por um profissional capacitado para que protocolos de modificação comportamental sejam aplicados com eficiência, isso quer dizer que, não existe uma "receita de bolo" para modificar os comportamentos, mas sim trabalho duro e muito esforço sempre respeitando a individualidade de cada caso e cada cão.
   Desta forma, o treino baseado em reforço positivo e sem uso de aversivos torna a comunicação entre cães e pessoas muito mais eficaz, pois os cães são ensinados a apresentarem espontaneamente comportamentos que são desejados por seus tutores, sem a necessidade de serem forçados a nada.

A teoria da dominância nada mais é do que uma justificativa para o uso de violência na educação de cães. Os nossos melhores amigos não merecem isso! Pense nisso.
 
Referências: CãoSenso (John Bradshaw), A cabeça do cachorro (Alexandra Horowits), O choque de culturas (Jean Donaldson), Antes e Depois ter seu cachorro (Dr. Ian Dunbar),  Don´t shoot the dog (Karen Pryor), www.drsophiayin.com
 
 



Palestra sobre comportamento canino

Data: 9/3/16
Local: Auditório 3, Instituto de Biologia, UnB
Horário: às 19h
Para se inscrever basta mandar e-mail para paula@cachorrosabido.com.br expressando desejo de participar. Daí, é só aguardar e-mail de confirmação da inscrição!
Vagas limitadas.



Fábrica de cães: a triste realidade por trás da criação de cachorros de raça

Você já ouviu falar sobre fábrica de cães?
Sim? Então você sabe o drama que esses cães vivem...
Não? Então você vai ficar sabendo agora sobre o drama que esses cães vivem...
   As "fábricas de cães" nada mais são que canis de criação de cães de raças, que muitas vezes, tem como criadores responsáveis, pessoas registradas no Kennel Clube de sua cidade. Esses canis reproduzem, de maneira indiscriminada, cães de várias raças e vendem seus filhotes por valores elevados pois esses cães contam com pedigree. Só que o que as pessoas não sabem é que os padreadores (animais que se reproduzem) são mantidos em condições lamentáveis de higiene, saúde e abrigo.
   Esses cães são confinados durante a vida inteira em gaiolas, caixas de transportes ou baias muitos pequenas amontoados com outros cães. Muitos deles tem as patas deformadas e problemas de coluna por causa do fundo das gaiolas e outros nunca chegaram a pisar no chão, grama, etc, e nem a sair dessas gaiolas para um simples passeio. Os locais são imundos e os cães vivem, literalmente, em cima de seus dejetos (xixi e cocô), não tomam banho e muito menos são tosados. Além de serem tratados como objetos, esses cães não gozam de acompanhamento veterinário regular e as cruzas são feitas entre cães com parentesco familiar (pai e filha, mãe e filho, etc.), o que resulta em filhotes com severos problemas de saúde (neurológicos, físicos). Os filhotes que não "vingaram" por conta dos problemas da consanguinidade são descartados (eutanasiados ou abandonados na rua) porque não tem valor comercial algum.
   Os "criadores" das fábricas de cães não formam vínculo emocional algum com esses animais, pois veem neles máquinas de ganhar dinheiro. Esses cachorros são mantidos isolados do convívio humano. Seus filhotes, além de não terem a menor oportunidade de desfrutar dos aprendizados passados pela mãe e seus irmãos, pois são vendidos com cerca de 25 - 40 dias de vida, já nascem com um a tendência a terem problemas emocionais por conta da gravidez estressante de suas mães (que tem influência sobre a qualidade emocional de seus filhotes antes mesmo deles nascerem (Serpell, 1985)) e por não poderem desenvolver suas habilidades sociais, sensoriais e motoras através do convívio com estímulos como sons diversos, outros filhotes, contato humano, objetos, pisos, etc. Qual a consequência disso? Apesar de ter pago muito caro por esse filhote, o tutor (que não tem conhecimento da real situação em que o filhote foi concebido) vai se deparar com um filhote estressado e que vai começar a desenvolver problemas comportamentais desde cedo como inquietação, reatividade a estímulos, fobias, agressividade, destruição de objetos, compulsividade, o que posteriormente vai levar ao seu abandono ou doação. O criador? Esse vai ficar satisfeito por ter vendido mais uma mercadoria, que pode chegar ao valor de R$ 5 mil reais ou até mais, dependendo da raça.
   Para finalizar, contamos com a ineficiência dos Kennel Clubes, que são associações vinculadas à Confederação Brasileira de Cinofilia (CBKC) e que registram os criadores profissionais, mas que não cumprem seu papel de fiscalizar a criação desses cães e denunciar às autoridades competentes esses criadores que agem de maneira abusiva e cruel em relação a esses animais.
   Triste né? Essa é uma realidade comum no Brasil e muitos outros países!

*Imagem retirada do site (http://www.thesun.co.uk/sol/homepage/news/671131/Joanna-Price-Dog-factory-Banned-from-owning-animals-for-life.html)

O que fazer se você quiser comprar um filhote de raça?

Verifique pessoalmente:
- as condições de higiene do local;- as condições de saúde dos cães;
- se esses cães são criados perto das pessoas e em um ambiente calmo e amigável;
- se o criador possui registro no ‪#‎kennel clube da sua cidade;
- se o criador e as pessoas que trabalham/moram no canil tem uma boa relação com os cães;
- se o criador respeita as leis da genética e não efetua cruzamentos consanguíneos (entre cães com parentesco);
- se o criador é do tipo obcecado por padrões de beleza. Fuja disso! Lembre, um cão bonito não é sinônimo de um cão equilibrado e bem socializado.
Não compre ‪#‎cães de raça em feiras ou ‪#‎petshops! A chance de você adquirir um filhote doente e com problemas emocionais é muito grande!!! Como consequência disso, vem o abandono! Não faça parte dessa máfia que só quer saber de lucrar. Adote ou faça uma compra consciente!

Quer saber mais?  Confira no link abaixo, uma matéria sobre a descoberta recente uma fábrica de filhotes em Brasília, DF. Clique aqui

Cães sentem culpa?


   Sabe aquela carinha de que "ele sabe que fez errado" que muitos #‎cães fazem? Pois é, você sabe o que ela realmente significa?
   Esses sinais de "culpa" de "que fez coisa errada" são na verdade sinais de #‎apaziguamento que os cães emitem para tentar evitar conflitos com seus donos ou fazer com que eles parem as broncas, gritos e até agressões físicas. Isso acontece porque quando o #‎cão faz algo que desagrada ao seu tutor, esse costuma falar sempre as mesmas coisas ("o que foi que você fez dessa vez ?"; "foi você quem fez isso"?; "olha o que você fez!"; "você vai apanhar!") alterando sua postura e tom de voz, fazendo ameaças e, logo em seguida, punindo fisicamente o peludo. Desta forma, essas frases se tornam indicadores para o cão de que algo muito ruim está prestes a acontecer, e por isso ele começa a disparar sinais de apaziguamento na tentativa de acalmar seu tutor. Confira alguns sinais de apaziguamento muito comuns:

- baixar a cabeça;
- orelhas para trás;
- corpo curvado;
- boca fechada;
- lambedura de lábio;
- desvio de olhar;
- bocejos;
- olhos semi-fechados.


   Existem muitos vídeos considerados engraçados na internet de pessoas provocando esses sinais em seus cães e achando "bonitinha" a forma como eles reagem. Na real, isso é uma verdadeira tortura psicológica para o #‎cachorro! Fique ligado, não reproduza esses vídeos e nem faça seu cão se sentir mal provocando esses sinais de apaziguamento só pra mostrar que ele "sabe que fez coisa errada". Agora você já sabe que cães não sentem culpa! Preze sempre por uma relação sem conflitos, estável e harmoniosa!

*Foto retirada do site http://www.theloudlaugh.com/funny-guilty-dog-pictures/

Pra que serve o adestramento?

  
Muita gente se pergunta pra que serve adestrar um cão. Algumas acham que um cão adestrado é sinônimo de um cão robô, sem vontade própria. Outras acham que isso é uma perda de tempo pois cachorro não aprende, não pensa e não sente, afinal é um animal dito "irracional"...

Bem, apesar de ser adestradora (minha opinião é dita "suspeita") eu vejo o adestramento como algo útil e extremamente benéfico para os cães, para os humanos e para a relação cão x pessoa.

Começando pelo período crítico de socialização dos cães (21º ao 90º dia de vida aprox.), um cãozinho que começa a ser adestrado nessa fase (adestramento amigável hein!) vai ser preparado a viver uma vida inteira de forma muito mais equilibrada. O treinamento de filhotes deve consistir em um trabalho preventivo que envolve dessensibilização ao manuseio, socialização com os mais diversos estímulos, inibição de mordida, necessidades no local correto, aplicação de enriquecimento ambiental para prevenção da destruição de objetos, aprender a ficar sozinho de forma tranquila,  etc. Ou seja, exercícios fundamentais para que o filhote desenvolva confiança, auto-controle e uma boa interação social. Não preciso falar mais nada né?

Mesmo que o cão não comece no treinamento desde filhotinho (apesar de ser o mais recomendado), o adestramento só trará benefícios, afinal nunca é tarde para aprender! Cães adolescentes e adultos devem ser ensinados a SENTAR ao receberem visitas, a passear sem puxar a guia, a atender a chamamentos (Vem ou Aqui, por exemplo), etc. Além disso, os cães jovens e os mais velhos também vão precisar de enriquecimento ambiental como forma de prevenção de problemas como destruição de objetos, ansiedade, estresse. Nos casos mais complexos como reatividade a outros cães, agressividade, insegurança, ansiedade de separação é o adestramento que vai possibilitar a mudança de comportamentos indesejados para comportamentos adequados através da aplicação de técnicas de contra-condicionamento e dessensibilização.

Outro ponto interessante do adestramento é aprimorar e desenvolver habilidades motoras nos cães através de exercícios de consciência corporal, truques, desportos (agility e free style, por exemplo).   Tais exercícios também vão melhorar a concentração do cão, o foco dele no tutor e o condicionamento físico!

Adestrar um cão é abrir as portas para um bom convívio social, pois ele vai poder frequentar parques, comércios e locais onde circulam pessoas e outros cães!!!Não perca tempo! Quanto mais cedo seu cão for adestrado, mais rápido ele vai desenvolver suas habilidades sociais! A cachorro sabido pode te ajudar nisso! Entre em contato conosco!

Paula
61 84971041


Você sabe rechear Kong com a própria ração do seu cãozinho? Assiste aí e confira mais uma dica da Cachorro Sabido...


Crianças e cães: dicas para uma relação saudável e segura



Cães e crianças podem ser super amigos! Porém, fique atento(a) a algumas dicas pra deixar essa relação ainda melhor e mais segura:

- procure orientação de um profissional capacitado para ajudá-lo no treinamento do seu cão;

- em hipótese alguma deixe cão e criança sem supervisão enquanto estão juntos. A criança pode beliscar, abraçar, cair em cima, pisar no rabo, gritar, montar, beijar o rosto do cão e isso pode deixá-lo agitado ou irritado;

- não é aconselhado que crianças de até pelo menos 5 anos interajam fisicamente com o cão pelos motivos citados acima. Como a criança não reconhece a linguagem corporal canina, certamente ela irá ignorar quando o cão emitir sinais de desconforto com sua presença e/ou com o que ela está fazendo com ele e isso vai propiciar o acontecimento de um acidente grave com mordidas;

- instrua a criança sobre como se relacionar com cães. No geral, cães não ficam à vontade com abraços, puxões, beliscões, gritos. Evite acidentes ensinando a criança a permanecer calma, a brincar de forma adequada (atirar bolas, por exemplo) e a não fazer coisas que deixam o cãozinho desconfortável;

- socialize seu cãozinho desde muito cedo (enquanto filhotinho) com crianças (as de casa não contam). Não o permita interagir fisicamente com elas (muito menos usando a boca), mas leve-o com petiscos e brinquedos a locais onde tem crianças para brincar e treiná-lo a permanecer relaxado na presença delas. Lembre-se, se ele nunca conviveu com crianças é normal ele não ficar à vontade perto delas. Respeite isso e NUNCA force uma interação se ele não estiver confortável com isso;

- ensine seu cãozinho a ficar calmo perto de crianças (permanecer deitado, por exemplo) através do uso de técnicas baseadas na utilização de reforço positivo. Alguns cães gostam tanto de interagir com elas que acabam ficando muito agitados, ou seja, pulam, lambem, esbarram e isso pode machucar a criança;

- desde cedo ensine seu cãozinho que criança é algo positivo, ou seja, perto de criança ele recebe carinho, petiscos, brinquedos de você. Não use broncas e punições físicas para afastar seu cão de crianças. Isso faz com que ele associe as broncas com a presença da criança, desta forma, a criança passa a ser encarada como um elemento negativo e associada a punições;

- sinais de desconforto emitidos pelo cão como: se afastar da criança, eriçar pelos com a aproximação dela, corpo tenso, boca tensa e fechada, olhar fixo para a criança/desvio de olhar, rosnar, mostrar dentes são avisos de que o cão não está gostando da situação e quer que a criança se afaste, caso contrário ele pode mordê-la! Ao reconhecer essa situação, retire a criança imediatamente de perto do cão sem dar broncas ou punições físicas nele, pois quem avisa amigo é!;

- forçar um cão a permitir que uma criança abrace, aperte, puxe ou suba nele é muito perigoso e pode colocar em risco a vida da criança como a do animal. Cães, infelizmente, "pagam com a vida" a conta da irresponsabilidade humana! Seja responsável e prudente! Aja com bom senso e não caia em falsas informações e idéias como "essa raça é boa com crianças", "meu cão sabe que tem de respeitar meu filho", "ele (o cão) tem de se acostumar com a criança", "ele sabe que não pode machucar a criança", etc.


Acidentes acontecem por descuido das PESSOAS! Tenha sempre em mente que a prevenção é a melhor solução!